Neste mundo em que vivemos, nada pode ser tocado ou modificado sem  que resulte em equivalente conseqüência mais a frente. Cientificamente  isso é explicado, em parte, pela 3ª Lei de Newton – toda ação corresponde a uma reação de mesma intensidade, mesma direção e de sentido contrário.
Já na cultura popular temos a afirmação de que o bater de asas de uma borboleta pode influenciar o curso das coisas e, assim, provocar um tufão do outro lado do mundo (explicação popular e simplificada para a Teoria do Caos, praticamente inacessível a mortais não matemáticos como eu).
É justamente essa a idéia do filme Efeito Borboleta, (The Butterfly Effect, 2004). Evans, interpretado por Ashton Kutcher,  descobre uma forma de voltar ao passado e mudar as coisas das quais se  arrepende. Ocorre que ao refazer sua história, decidindo por uma das  inúmeras possibilidades, termina por criar conseqüências aterradoras a  serem sentidas no seu futuro. O filme gera uma seqüência dramática,  vórtice apavorante em que cada realidade é pior do que a anterior.
Outro filme que trata do tema – e desta vez cito um dos meus preferidos – é A Felicidade Não Se Compra (It´s a Wonderful Life, 1946), clássico do cinema mundial dirigido pelo lendário Frank Capra. O filme é reconhecido e citado como obra natalina, mas é antes uma história universal sem precedentes. George Bailey, interpretado por James Stewart,  é um homem bom que ajuda a todos sem pedir nada em troca, em pura  doação e dedicação. Ocorre que ele se encontra em sérias dificuldades  financeiras e, por isso, decide se matar. George é impedido por um anjo  enviado para lhe salvar e mostrar como seria o mundo sem ele: a cidade  de Bedford Falls, conhecida como um local de gente boa e honesta, não  passaria de um antro de marginais e desocupados se ele não tivesse  existido; todos aqueles que ele ajudou estariam, nesta bizarra  realidade, na mais completa miséria, mortos ou moralmente desgraçados.  Ou seja: um só homem foi capaz de manter a moral e decência de toda uma  cidade. Por mais que tenha passado de forma superficial pela vida das  pessoas, alguma coisa boa e essencial havia deixado.
O recado de ambos os filmes é bem parecido: nenhum ato passará impune pelo crivo do futuro – e você será responsabilizado, em algum momento, por suas decisões. Enquanto no Efeito Borboleta temos o lado mais cruel dessa verdade, no A Felicidade Não Se Compra temos o lado mais bonito e poético.
Em ambos, porém, temos uma verdade única e inexorável: cuide de suas atitudes hoje ou elas lhe assombrarão amanhã. Somente você é responsável por seus atos e não há fantasma mais cruel do que o arrependimento.
E  não pensem suas decisões como fatos isolados, sem reflexos no que está  ao seu redor, pois esse é o maior engano que há. Elas pertencem a você e  ao mundo, principalmente porque tudo está ligado de forma íntima e não  existe maneira de desfazer tal elo (felizmente!).
Assim, seja a  borboleta que provoca o tufão do outro lado do planeta, seja a ação que  sempre corresponde a uma reação, nenhuma atitude pertence somente a você  e ao presente, pelo que não custa ser cauteloso e responsável.

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