Nunca gostei de homem burro, daqueles que incorporam tribos indígenas  inteiras e cospem:  “pra mim comer”, “pra mim beber”, “pra mim fazer”  etc.
Muito menos dos que discutem sobre o Capitalismo em oposição  ao Socialismo no cenário mercadológico das grandes potências mundiais.
Embora  um oceano de bibliografia separe os dois moços,  ambos sofrem de uma  completa falta de noção, seguida por uma disritmia descontrolada  por  não saber o momento certo de calar a boca.
Apesar das diferenças gritantes, os dois são igualmente burros.
E esse, pra mim, é o maior defeito que um homem pode ter.
Barriga se perde fazendo uma menor ingestão de chope.
Mau hálito com visitas ao dentista.
Pêlos com tesoura.
Galhadas com uma boa surra de toalha molhada, mas,  burrice, só nascendo de novo.
Adquirir  cultura até da para conseguir na mesma encarnação,  mas de nada adianta  saber sobre as obras de Michelangelo ou Duchamp se não consegue  perceber que boteco com os amigos não é ambiente, nem hora, de exibir  tais conhecimentos artísticos. 
Assim como não tem lógica ir ao boteco e só saber falar de problemas da empresa, ou do desempenho do time x no campeonato y.
O  que defendo é o seguinte: inteligência vai muito além de enfileirar  conhecimentos. Um homem inteligente é aquele que saber ser engraçado ao  contar uma piada, mas sabe o momento exato de virar um gentleman e usar,  sem exibicionismo, a sua cultura.
Inteligência, nesse sentido, é um TESÃO!
É  uma delícia ser surpreendida por comentários sarcásticos, trejeitos  irônicos, respostas inusitadas.  Não saber de cor e salteado o discurso  do outro,  suas reações, pra mim, é uma dádiva!
Aliás, não existe  nada mais agradável num homem do que a sua capacidade de fazer a sua  companhia ser surpreendente mesmo depois de muito tempo.
Um homem inteligente discorda sem brigar,  e, se for preciso, briga, mas sem transformar a noite numa longa disputa pela razão.
Tórax  torneado, barriga tanque e coxas são muito atrativos.  Mas eu troco  fácil um bíceps bem definido por uma conversa inteligente regada a boas  risadas e algumas taças de vinho.  Troco aquele espetáculo da academia,  que não tem o menor senso de humor, por aquele gordinho cheio de  trocadilhos inteligentes.
Troco ainda aquele homem saído das  páginas da Vogue, mas que não sabe pronunciar corretamente o verbo VIR,  pelo “desajeitado fashion” que tem o poder de transformar aquele filme  cabeça numa hilária comédia romântica.
Porque, no final, o que realmente me excita não é aquilo que está escondido nas calças, mas bem no meio daquele discurso.
Camila Menezes

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