quinta-feira, 14 de abril de 2011

Joias centenárias de Buenos Aires

Com mais de um século, as lojas mais antigas de Buenos Aires mantêm a mesma fachada e o mobiliário antigo. Com charme vintage, já se tornaram até passeio obrigatório 
Ao atravessar suas portas, o visitante é transportado para outra época. Por mais de um século, elas cumprem o ritual de abrir e fechar diariamente. E conservam as mesmas características, sem se render a modismos nem ao tempo.
As lojas mais antigas de Buenos Aires mantêm a fachada e o mobiliário antigos, o que lhes dá um toque extra de charme vintage. Algumas já se até tornaram cartões-postais e fazem parte de todo guia turístico. Faça um passeio por algumas dessas joias centenárias portenhas. 

Café Tortoni

 
Reduto da boemia argentina, pelas mesas de carvalho já passaram nomes como Borges e Gardel

As mesinhas de carvalho com tampo de mármore e as confortáveis cadeiras de couro em estilo belle époque estão ali desde a inauguração do café, em 1858. E já foram ocupadas por frequentadores famosos como os escritores Jorge Luis Borges e Julio Cortázar. O cantor Carlos Gardel cantou no palco para o dramaturgo Luigi Pirandello, em sua visita a Buenos Aires.
O Tortoni era mais que um café. Era o local da boemia argentina, reduto de intelectuais, músicos e escritores. Prova disso são as inúmeras telas e gravuras de artistas que forram as antigas paredes de madeira, bem como os bustos em bronze que dividem a atenção com os belos tetos envidraçados.
Deixe-se levar para aquela época enquanto prova os famosos churros com chocolate, especialidade da casa. Ou a sobremesa leche merengada, uma bebida à base de sorvete de leite, açúcar, claras de ovo e canela. Todas as noites, apresentações de tango lotam o espaço, que se tornou um saboroso cartão-postal da cidade.
Endereço: Avenida de Mayo, 825, Centro



Libéria de Ávila



A livraria de 1785 acaba de ser declarada patrimônio histórico argentino

As antigas estantes de madeira continuam abarrotadas de livros - novos, antigos ou esgotados. O forte são temas gauchescos, indígenas, de tango e da história argentina e latinoamericana. Aberta em 1785, a livraria foi declarada patrimônio histórico do país na semana passada.
As fotografias amareladas nas paredes, os relógios antigos e os lustres de cristais são testemunhas de um tempo em que os livros vendidos tinham que ter autorização da Coroa Espanhola. O local era ponto de encontro de intelectuais no século 19, como os futuros presidentes argentinos Domingo Faustino Sarmiento, Nicolás Avellaneda e Bartolomé Mitre.
Na crise econômica de 1989, a livraria teve que fechar suas portas e até se cogitou a ideia de instalar ali um restaurante fast food de uma rede multinacional. Mas ela reabriu anos mais tarde, com a esperança de se manter sempre aberta. E ostenta orgulhosamente o título do único comércio que se mantém no mesmíssimo local, desde a época colonial.
Endereço: Alsina 500, Monserrat

Restaurante El Imparcial


As pinturas nos azulejos são originais, pintadas pelo italiano Benvenuto Cellini

O charmoso restaurante, o mais antigo da cidade, acaba de apagar as velinhas pelos seus 150 anos. A decoração do enorme salão conta com quadros e pinturas em azulejos originais, pintados pelo artista italiano Benvenuto Cellini, que retratam cenas da vida espanhola como os conventillos e as touradas.
O cardápio continua o mesmo: a gastronomia espanhola, com destaque para o puchero à espanhola, o cozido madrilenho e o polvo à galega. Mas é a sua farta paella que atrai os comilões. Pelas mesas já passaram personalidades, do escritor Jorge Luis Borges ao ex-presidente Raúl Alfonsín.
O atendimento é caprichado, feito por uma equipe de garçons com mais de 40 anos de casa. E são eles que contam que o nome do restaurante se deve ao desejo do primeiro dono, o espanhol Manuel García, de que nas mesas não se discutia política nem religião.
Endereço: Hipólito Yrigoyen, 1201, Monserrat, Centro

Farmácia de La Estrella 



Ao entrar na farmácia repare nos belos afrescos pintados no teto
 
Pesadas estantes de madeira escura importadas da Itália talhadas em estilo neoclássico. Lustres de cristal de Murano e pisos de azulejos de Valência. No teto, delicados afrescos do pintor italiano Carlos Barberis. Todo esse luxo ainda está presente na primeira farmácia da cidade. Inaugurada em 1834, o comércio ocupa o prédio atual, em estilo art déco, desde 1890.
A farmácia se modernizou, mas ainda mantém o charme retrô. Antigos frascos de porcelana com remédio dividem espaço nas prateleiras com cartelas de comprimidos bem pequenininhos – e é possível fazer pedidos via internet. Tombada pelo patrimônio histórico de Buenos Aires, o segundo andar do edifício abriga a sede do Museu da Cidade, que reúne documentos, fotografias e objetos antigos da fase.
Uma curiosidade: na época, as boticas eram construídas propositalmente em esquinas e bem pertinho de igrejas – para que no momento da urgência de um remédio, a pessoa pudesse se guiar pelas badaladas dos sinos.

Endereço: Defensa 201, esquina com Alsina, Monserrat



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