Com mais de um século, as lojas mais antigas de Buenos Aires mantêm a mesma fachada e o mobiliário antigo. Com charme vintage, já se tornaram até passeio obrigatório
Ao atravessar suas portas, o visitante é transportado para outra época. Por mais de um século, elas cumprem o ritual de abrir e fechar diariamente. E conservam as mesmas características, sem se render a modismos nem ao tempo.
As lojas mais antigas de Buenos Aires mantêm a fachada e o mobiliário antigos, o que lhes dá um toque extra de charme vintage. Algumas já se até tornaram cartões-postais e fazem parte de todo guia turístico. Faça um passeio por algumas dessas joias centenárias portenhas.
Café Tortoni
Reduto da boemia argentina, pelas mesas de carvalho já passaram nomes como Borges e Gardel |
As mesinhas de carvalho com tampo de mármore e as confortáveis cadeiras de couro em estilo belle époque estão ali desde a inauguração do café, em 1858. E já foram ocupadas por frequentadores famosos como os escritores Jorge Luis Borges e Julio Cortázar. O cantor Carlos Gardel cantou no palco para o dramaturgo Luigi Pirandello, em sua visita a Buenos Aires.
O Tortoni era mais que um café. Era o local da boemia argentina, reduto de intelectuais, músicos e escritores. Prova disso são as inúmeras telas e gravuras de artistas que forram as antigas paredes de madeira, bem como os bustos em bronze que dividem a atenção com os belos tetos envidraçados.
Deixe-se levar para aquela época enquanto prova os famosos churros com chocolate, especialidade da casa. Ou a sobremesa leche merengada, uma bebida à base de sorvete de leite, açúcar, claras de ovo e canela. Todas as noites, apresentações de tango lotam o espaço, que se tornou um saboroso cartão-postal da cidade. Endereço: Avenida de Mayo, 825, Centro
Libéria de Ávila
A livraria de 1785 acaba de ser declarada patrimônio histórico argentino |
As antigas estantes de madeira continuam abarrotadas de livros - novos, antigos ou esgotados. O forte são temas gauchescos, indígenas, de tango e da história argentina e latinoamericana. Aberta em 1785, a livraria foi declarada patrimônio histórico do país na semana passada.
As fotografias amareladas nas paredes, os relógios antigos e os lustres de cristais são testemunhas de um tempo em que os livros vendidos tinham que ter autorização da Coroa Espanhola. O local era ponto de encontro de intelectuais no século 19, como os futuros presidentes argentinos Domingo Faustino Sarmiento, Nicolás Avellaneda e Bartolomé Mitre.
Na crise econômica de 1989, a livraria teve que fechar suas portas e até se cogitou a ideia de instalar ali um restaurante fast food de uma rede multinacional. Mas ela reabriu anos mais tarde, com a esperança de se manter sempre aberta. E ostenta orgulhosamente o título do único comércio que se mantém no mesmíssimo local, desde a época colonial.
Endereço: Alsina 500, Monserrat
Endereço: Alsina 500, Monserrat
Restaurante El Imparcial
As pinturas nos azulejos são originais, pintadas pelo italiano Benvenuto Cellini |
O charmoso restaurante, o mais antigo da cidade, acaba de apagar as velinhas pelos seus 150 anos. A decoração do enorme salão conta com quadros e pinturas em azulejos originais, pintados pelo artista italiano Benvenuto Cellini, que retratam cenas da vida espanhola como os conventillos e as touradas.
O cardápio continua o mesmo: a gastronomia espanhola, com destaque para o puchero à espanhola, o cozido madrilenho e o polvo à galega. Mas é a sua farta paella que atrai os comilões. Pelas mesas já passaram personalidades, do escritor Jorge Luis Borges ao ex-presidente Raúl Alfonsín.
O atendimento é caprichado, feito por uma equipe de garçons com mais de 40 anos de casa. E são eles que contam que o nome do restaurante se deve ao desejo do primeiro dono, o espanhol Manuel García, de que nas mesas não se discutia política nem religião.
Endereço: Hipólito Yrigoyen, 1201, Monserrat, Centro
Endereço: Hipólito Yrigoyen, 1201, Monserrat, Centro
Farmácia de La Estrella
Ao entrar na farmácia repare nos belos afrescos pintados no teto |
Pesadas estantes de madeira escura importadas da Itália talhadas em estilo neoclássico. Lustres de cristal de Murano e pisos de azulejos de Valência. No teto, delicados afrescos do pintor italiano Carlos Barberis. Todo esse luxo ainda está presente na primeira farmácia da cidade. Inaugurada em 1834, o comércio ocupa o prédio atual, em estilo art déco, desde 1890.
A farmácia se modernizou, mas ainda mantém o charme retrô. Antigos frascos de porcelana com remédio dividem espaço nas prateleiras com cartelas de comprimidos bem pequenininhos – e é possível fazer pedidos via internet. Tombada pelo patrimônio histórico de Buenos Aires, o segundo andar do edifício abriga a sede do Museu da Cidade, que reúne documentos, fotografias e objetos antigos da fase.
Uma curiosidade: na época, as boticas eram construídas propositalmente em esquinas e bem pertinho de igrejas – para que no momento da urgência de um remédio, a pessoa pudesse se guiar pelas badaladas dos sinos. Endereço: Defensa 201, esquina com Alsina, Monserrat
Nenhum comentário:
Postar um comentário