segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Mentiras Sinceras - Por que eles somem?

Eles contam por que desaparecem da vida delas sem deixar vestígios



Está tudo muito bom, tudo muito bem: jantarzinho, cineminha, telefonemas carinhosos durante o dia. Enfim, parece que agora a coisa vai. Só que, de uma hora para a outra, o cara some. Ou surge uma misteriosa ex-namorada que o leva embora, assim, no susto. Pronto, é o suficiente para a boca se encher de palavras como "cretino!", "desgraçado!". Ele é canalha mesmo ou só não está mais a fim de você? Para alguns homens (e mulheres também!), dar um fora é uma atitude difícil e alguns artifícios polêmicos se fazem necessários para resolver um impasse sentimental.

A jornalista Paula Macedo, 28 anos, conheceu o engenheiro civil Alex numa happy hour, num barzinho no centro de São Paulo. Papo vai, papo vem, começaram a ficar. "Ele era uns cinco anos mais velho que eu, era aquele tipo homem mesmo, rosto bonito, corpão, forte. Enfim, não tinha como fazer jogo duro", conta ela. Passaram juntos quase um mês e meio entre muitas saídas, jantares e noites no apartamento dele. "Senti que ele estava empolgado e eu também. Ele me ligava, me requisitava. Se não estivesse querendo nada comigo, se achasse que o ritmo estava muito apressado, não me procuraria", acredita Paula.

Até que num belo meio de semana, num dos muitos almoços que tinham juntos já que trabalhavam no mesmo quarteirão, Alex puxou um papo estranho. "Me disse que tinha recebido uma proposta de trabalho irrecusável, que ia para a Argentina dali a uma semana e que não nos veríamos mais. Foi um baque pra mim porque já estava cheia de planos, cheia de expectativas. Ele me disse que quando voltasse me procuraria, foi muito atencioso. Na hora, acreditei", lembra a jornalista.
As pernas curtas da mentira não duraram nem duas semanas. "Não tinham passado nem quinze dias da nossa despedida e eu o encontrei na Vila Madalena de mãos dadas com uma outra mulher. Quer dizer, não foi pra Argentina coisa nenhuma e terminou comigo porque já estava de olho em outra. Tenho certeza de que ele passou a mesma história para ela depois, canalha mentiroso", desabafa ela.
Supostas cafajestagens não são méritos exclusivos dos homens. O mesmo Murilo Sanches, que defendeu os discursos floreados em nome da sinceridade dolorosa, sentiu a coisa na pele. "Era uma mulher com quem eu estava ficando e me apaixonando. Era daquelas que você não acredita que caíram na sua vida de tão linda, tão ideal. Eu já estava igual a cachorrinho quando ela sumiu completamente. Parou de me atender, parou de me procurar e eu lá, babando. Queria pelo menos tomar um fora, só para ouvir o que ela tinha a me dizer", conta o professor.

Murilo fez plantão na porta da moça, de tão perturbado que estava. "Fiquei quatro horas esperando até que ela apareceu surpresa e muito sem-graça em me ver ali, naquela atitude sem noção. Ela disse que tinha reencontrado o ex-namorado, cuja existência eu desconhecia e por quem se dizia muito apaixonada desde sempre. Havia voltado pra ele. Pediu perdão por ter sumido e disse que ficou sem ter o que me dizer. Então, isso é ou não é uma atitude cafajeste?", questiona ele, garantindo que a moça estava mentindo. "Estava na cara dela. Ela queria me dispensar, até com certa razão porque eu estava mesmo muito carente naquela época. Diria alguma coisa parecida se uma mulher fosse fazer plantão na minha porta", reconhece.
Sumir é talvez a pior das cafajestices. "É covardia, coisa de homem medroso de mulher", aponta a fonoaudióloga Mariana Bendelack. Ela se define como um 'triângulo das bermudas' de homens, que desaparecem depois de algum tempo de relação. "Não sei qual é o problema de dizer que não está mais a fim ou de inventar uma desculpa. Pelo menos denota que o cara tem alguma consideração por você. Quando um mané desses some, joga para cima de você um problema para resolver sozinha. Você fica sem saber se ofendeu, se fez alguma coisa errada, se é fedorenta ou se é coisa dele com ele mesmo. É de um egoísmo insuportável", reclama ela, que se diz avessa a indefinições. "Fico aflita. Me dá o fora logo! Acaba sempre que sou eu a escrever e-mails desaforados. Me sinto um picolé chupado que só sobra o palito que o cara joga no lixo", reclama.

Já o publicitário Breno Savino assume a porção cafajeste. Ele acredita que o mero fato de esconder a verdade para proteger já é uma atitude de princípios canalhas. "Tinha uma mulher que trabalhava na mesma agência que eu e fiquei de olho nela desde o primeiro dia. Mas era daquele tipo que quer namorar, noivar, casar, o processo todo. Eu não estava nada a fim disso, mas percebia que ela também me olhava, me dava mole maliciosa".
Breno bolou um plano infalível. "Numa festa que era a chance que eu tinha de pegá-la, passei uma conversa de que tinha namorada, que só poderia rolar aquela noite. Pronto, foi muito simples. Ficamos naquele dia e mais umas duas vezes, sem o menor problema. Ela ameaçou ficar um pouco culpada por estar sendo a outra, mas logo a distraí", conta ele que, afinal de contas, não vê mal nenhum nessa história. "Fui cafa mesmo. Mas não foi ótimo pra nós dois?", encerra ele.

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