quarta-feira, 18 de maio de 2011

Dia Mundial dos Museus

Você consegue imaginar o mundo sem museus? De imediato, assim, pode até conseguir, mas pense bem e veja se não seria estranho. Não teríamos contato com objetos ou mesmo com fósseis de seres da Terra que tiveram seu tempo de uso e vida em outra época que não a nossa.
Museu Paulista
Quando entramos em um museu, não estamos, ao contrário do que muitos pensam ou dizem, entrando em um espaço de coisa velha e mofo. Estamos, isto sim, adentrando em uma verdadeira máquina do tempo, a nos proporcionar uma viagem pelos séculos de um mundo e de uma humanidade, que sequer sonhávamos existir, porque sequer existíamos.

Se não fossem os museus, jamais teríamos a oportunidade de ver, por exemplo, o compasso geométrico de Galileu Galilei, conservado, nos dias atuais, no Castello Sforzesco, em Milão. 

História

. A palavra “MUSEU” , de origem grega, significa “templo das musas”., e já era usado em Alexandria para designar o local destinado ao estudo das artes e das ciências.

Hoje, o International Concil of Museums a instituição que conserva coleções de objetos de arte ou ciências, para fins de preservação ou apresentação pública.
Museus
De acordo com a mitologia e a história da Grécia Antiga, da união de Zeus (deus supremo) com Mnemósine (deusa da memória) nasceram nove musas, cuja missão era proteger as artes. As musas possuíam criatividade e grande memória, tinham seus próprios templos, os Templos das Musas ou mouseion e neles eram feitas as reuniões culturais, onde as diversas modalidades das artes, como danças, poesias e narrações, eram ensinadas e preservadas.

O conceito de museu se originou durante a civilização grega, quando foi construído o primeiro mouseion do qual se tem notícia, em Alexandria, por volta de século II antes de Cristo. Era o local de reuniões dos sábios, poetas, artistas e seus discípulos. Continha uma biblioteca que armazenava cerca de 700.000 manuscritos com todo conhecimento humano em diversas áreas, como filosofia, astronomia, medicina, zoologia, história etc. Também havia salas de reuniões, observatórios, laboratórios, jardins zoológicos e uma sala que se armazenavam os objetos de estudos. Enfim, um local para conservação, estudo e guarda de objetos - origem mais distante do conceito de museu.
Alguns autores afirmam que o hábito colecionista é tão antigo quanto o homem, dependendo do contexto em que é inserido e de acordo com os seus diversos significados e motivos. Então, pode-se dizer que há ligação entre museu e coleção3, pois é a prática desse ato que se dá início a criação de um museu, com suas diversas obras e objetivos.
Como exemplo, tivemos os romanos que foram grandes colecionadores e todas as regiões ocupadas por eles, eram pilhadas pelos soldados e seus objetos de valores recolhidos para decorar os palácios dos imperadores, generais e familiares, ao longo dos séculos. Diz Hernández (1994, p. 13) que, na cultura romana a palavra mouseion designa uma edificação particular onde eram realizadas reuniões filosóficas sem, contudo, se referirem às coleções.

MUSEUS NATURAIS

 

Engana-se quem pensa que um museu precisa ser obrigatoriamente um lugar com porta de entrada e objetos ou quadros expostos sob determinada luz e ambiente. Após a criação pela UNESCO, em 1972, da Convenção do Patrimônio Mundial, isto perde um pouco o sentido ou, pelo menos, um sentido que deveria ser revisto.
Com a Convenção, pretende-se incentivar a preservação de bens culturais e naturais, avaliados como marcos estéticos da humanidade. Valorizam-se cidades ou locais que, além de serem referência histórica e de identidade das nações nas quais se situam, podem ser concebidos como um patrimônio mundial.
A preservação desses lugares fica a cargo do seu país de origem, que recebe o apoio da UNESCO nas atividades de proteção, pesquisa e divulgação.
No Brasil, são dezessete os locais considerados como patrimônio de todos os povos: Ouro Preto (Minas Gerais); Olinda (Pernambuco); São Miguel das Missões (Rio Grande do Sul); Salvador (Bahia); Congonhas do Campo (Minas Gerais); Parque Nacional de Iguaçu (Paraná); Brasília (Distrito Federal); Parque Nacional Serra da Capivara (Piauí); Centro Histórico de São Luís (Maranhão), Diamantina (Minas Gerais), Pantanal Matogrossense (Mato Grosso do Sul), Parque Nacional do Jaú (Amazonas), Costa do descobrimento (sul da Bahia e norte do Espírito Santo), Mata Atlântica do Sudeste (da Serra da Juréia, em São Paulo, até a Ilha do Mel, no Paraná), Parque Nacional das Emas e Parque Nacional Chapada dos Veadeiros (Goiás), Centro de Goiás (Goiás) e Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas (Pernambuco e Rio Grande do Norte).

ÚNICOS

 

Os museus são uma contribuição única no mundo. Através dos anos, preservam os objetos que foram utilizados, inventados ou descobertos pelo homem ao longo de sua existência histórica.
No caso das cidades ou locais preservados como patrimônio histórico e cultural, a própria arquitetura utilizada nas construções de moradias adquire, com o peso do tempo, uma dimensão de arte a ser preservada. E também cultuada.
Pensem ainda nos seres que jamais poderíamos cogitar, não fosse o trabalho de exposição, em museus de história natural, dos esqueletos de animais pré-históricos. Sem dúvida uma fascinante viagem no tempo é o que os museus, em geral, costumam nos proporcionar.
Isto porque tudo o que pode ser visto nos museus representa, na verdade, as riquezas naturais e culturais do mundo. 

O PROFISSIONAL DE UM MUSEU

 

As pessoas que trabalham em museu são, acima de tudo, profissionais que buscam alta qualidade. Todo museu, seja especializado em arte, história ou tecnologia, tem como objetivo principal a primazia cultural.

Nessa área, a performance profissional qualificada é fundamental: atenção a detalhes; capacidade de análise, concentração, observação e organização; criatividade, curiosidade, gosto pela pesquisa e pelos estudos; habilidade manual, interesse em adquirir conhecimentos em outros setores, sensibilidade artística, senso crítico e estético são essenciais para se exercer um bom trabalho.

Não esquecendo que o principal compromisso de um museu é servir ao público e que um bom profissional não deverá jamais perder esse compromisso de vista. 

Os museus modernos foram criados no século XVII a partir de doações de coleções particulares como a de Grimani a Veneza. Mas, o primeiro museu como conhecemos hoje surgiu a partir da doação da coleção de John Tradescant, feita por Elias Ashmole, à Universidade de Oxford, conhecido como Ashmolean Museum. O segundo museu público foi criado em 1759, por obra do parlamento inglês, na aquisição da coleção de Hans Sloane (1660-1753), que deu origem ao Museu Britânico.

O primeiro museu público só foi criado, na França, pelo Governo Revolucionário, em 1793: o Museu do Louvre, com coleções acessíveis a todos, com finalidade recreativa e cultural.

O Séc. XIX surgem muitos dos mais importantes museus em todo o mundo, a partir de coleções particulares que se tornam públicas: Museu do Prado (Espanha), Museu Mauritshuis (Holanda).

Somente em 1870, nos Estados Unidos, é fundado o Museu Metropolitano de Arte, em Nova York.
No Brasil, o primeiro museu data de 1862, o Museu do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano (Pernambuco). Os outros museus brasileiros foram todos fundados durante o século XX, sendo o mais importante, pela qualidade do acervo, o MASP - Museu de Arte de São Paulo, fundado em 1947.

Museus no Brasil

 

Acredita-se que o primeiro museu aberto ao público no mundo, surgiu em 1784 no Rio de Janeiro, nomeado Casa Histórica Nacional, conhecida como Casa dos Pássaros, pelo vice-rei Dom Luís de Vasconcelos. Tinha por objetivo expor ao público exemplar de pássaros e animais vivos ou taxidermizados, os quais regularmente eram enviados para a Corte, em Portugal. Estas coleções serviam para enriquecer o governo português, seus museus ou seus palácios. Seu funcionamento foi por pouco mais de 20 anos e ao seu término as coleções foram transferidas para a Academia Militar, inaugurada em 1810. Porém há um conflito de informações, pois para alguns pesquisadores a Família Real Portuguesa, quando chegou ao Brasil, em 1808, trouxe consigo parte da Biblioteca Real e sua coleção de pinturas, como também objetos de propriedade do Rei Dom João VI e, surgi então o primeiro museu público no Brasil no século XIX, criado em 06 de junho 1818, no Rio de Janeiro.

O Museu Real, atual Museu Nacional, tinha por objetivo atender aos interesses de promover o progresso cultural e econômico no país, com a iniciativa cultural do Rei Regente, e reunia coleções de História Natural, transferidas da Escola Militar, da Coleção Wern4 e doações feitas também pelo Rei regente. No ano subseqüente, foi agrupado ao Museu Real o Jardim Botânico. Já como nomenclatura de Museu Imperial, recebeu doações de museus, como da Dinamarca, Gênova, Roma, Ilhas Sandwich, Berlim, entre outros. Ampliando então o seu acervo, também com doações feitas pelo Imperador Dom Pedro II de “presentes culturais”.

Torna-se então a instituição pioneira no estudo das ciências naturais do Brasil Império. Em 1816, com a chegada da Missão Artística francesa, surge a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios a fim de qualificar a mão-de-obra local. Em 1820 houve um desmembramento e é criada a Academia de Belas Artes, com o objetivo somente de ensino artístico. Após um ano, com a volta de Dom João VI a Portugal, sua coleção de pinturas foi incorporada à Academia de Belas Artes, dando início à Pinacoteca daquela instituição. Em 1889, o ano da Proclamação da República, ocorreu um movimento para separar o Museu da Academia, desde então nomeada Escola Nacional de Belas Artes, porém concretizada somente em 1937, com a criação do Museu Nacional de Belas Artes. Ainda com incentivo Real foram criados no século XIX, pelo Imperador Dom Pedro II, o Museu Paulista, em 1855, na cidade de São Paulo e o Museu Emílio Goeldi, em 1866, em Belém do Pará.

A Semana de Arte Moderna, conhecida popularmente por Semana de 22 se deu em São Paulo, objetivando comemorar o Centenário da Independência e a Pinacoteca Estadual da cidade, visando ocupar seu espaço no cenário cultural brasileiro. Liderada por um grupo de intelectuais e artistas de São Paulo, a exposição promoveu pinturas e esculturas, recitais de poesias, apresentações teatrais e musicais. Ficou então conhecido nos meio artístico e intelectual, que buscava arejar a austeridade acadêmica das instituições e, ao mesmo tempo, resgatar valores que nos fizessem olhar para o Brasil como um todo, com as suas diversas formas de expressões e manifestações culturais.

Com a criação do SPHAN em 1937, que passou posteriormente a ser IPHAN5, foram implantados gradualmente pelo Governo Federal, novos museus com temáticas diferentes em diversas cidades do Brasil, devido à importância que o patrimônio histórico e artístico nacional passou a adquirir pelos vários artistas, pensadores e uma parcela da população da época. Logo, então, começa a criação de museus particulares por conta da iniciativa privada, surgindo assim novas e famosas instituições museológicas no país.


Portal São Francisco

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