quinta-feira, 26 de maio de 2011

A curiosidade..




As pessoas são incrivelmente interessadas na vida dos outros. Saber o que fazem, com quem, onde, quando e como é quase uma compulsão universal. Isso é um fato irrefutável e você pode até discordar, afirmar que não se enquadra na descrição e que se preocupa somente com seus assuntos. Mas se parar para pensar por um segundo, se fizer uma busca detalhada nas suas memórias e impressões, não vai demorar a elaborar longa lista repleta de conhecidos, amigos e parentes que se encaixam na afirmação acima. Eu mesmo sou bastante curioso. Dependendo da situação e dos envolvidos, não vou negar que me interesso pela vida alheia.

Vamos então definir um parâmetro para discussão: ninguém está aqui para julgar. Dito isso, que tal se eu explicar que o interesse pela vida dos outros é algo normal, instinto humano dos mais antigos e que por diversas vezes salvou muita gente por este mundo afora. O ponto chave é justamente o momento em que a curiosidade deixa de ser somente um instinto e passa a ser algo desagradável e indesejável.
Existem vários exemplos da curiosidade como instinto, desde o primeiro que subiu em uma canoa e foi embora remando pelo meio do lago (e ele não sabia nadar, pensem nisso), até a primeira pessoa que olhou um caramujo gosmento no chão e pensou que seria legal cozinhá-lo, chamar de escargot e servir como comida. A curiosidade ruim é aquela que ultrapassa certos parâmetros da ética social e deixa de ser um mero interesse pela vida alheia. Nesse ponto são pródigos os exemplos com namorados e maridos desconfiados, aqueles mesmo que montam verdadeiro esquema de vigilância e espionagem para saber cada passo de suas mulheres.

Ou seja: a curiosidade como instinto é aquela que não ultrapassa barreiras morais e éticas, enquanto a curiosidade ruim é aquela que passa por cima de todas essas delimitações sociais sem se importar com nada. O que vale é saciar certa vontade de conhecimento, pouco importando o que se precisa fazer.
O grande problema dessa mutação de instinto para doença são justamente suas conseqüências, o resultado do ‘o que se precisa fazer’. Ciúme desmedido e a desconfiança desnecessária são alguns dos exemplos mais evidentes. E quem não  teve aquela vizinha que sabia da vida de todos, desde os problemas de saúde do gordinho do 201 até as relações profissionais da noiva do rapaz do 402?

Nada pior do que pessoas que deixam de viver suas vidas para, pretensamente, viver a dos outros. Somente elas se enganam com a falsa ilusão de que haverá resultado prático nisso, assim como somente elas não percebem que não há atraso e perda de tempo maior do que esquecer que há algo mais importante para se preocupar: seus próprios assuntos.

É preciso ter consciência para se conhecer e reconhecer erros, perceber o momento exato em que se está prestes a ultrapassar certas barreiras que, se deixadas para trás, certamente trarão enormes prejuízos a todos os envolvidos.Não sai perdendo somente quem teve sua vida devassada de forma incorreta e injusta. Perde muito mais quem acha que faz isso por um bem maior que nunca se justifica.

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