sábado, 31 de dezembro de 2011

Tradições de ano-novo

Mandingas para atrair sorte nos 12 meses seguintes existem no mundo todo. Conheça algumas e celebre a virada como os anfitriões
Há quem sinta até calafrio ao pensar que na virada do ano não vão para pular as sete ondas. Pode culpar a Iemanjá, a rainha do mar para o candomblé e a quem fazemos oferendas mesmo sem saber (ou acreditar), pelos congestionamentos recordistas que entopem estradas nos dias antes e depois da noite de réveillon no Brasil.
Herdamos da cultura africana a crença de que começar o ano à beira-mar traz saúde, amor e dinheiro nos 12 meses seguintes. Mas, pelo País, as tradições e simpatias de ano-novo têm berço multinacional. O brinde com champanhe é de origem francesa. O hábito de comer uvas nos últimos minutos do ano que se despede, herança portuguesa - produtores de vinho, os patrícios guardavam as sementes de uva como símbolo de fartura. As lentilhas foram trazidas pelos italianos, consideradas minimoedas da fortuna. Romã é símbolo judaico de prosperidade. E a roupa branca, mais um hábito dos seguidores do candomblé que virou sinônimo de réveillon.
E já que o negócio é dar um jeito de garantir o seu quinhão de sorte, saiba o que fazer caso esteja no exterior no ano-novo. Com ou sem praia, mandingas para a data existem no mundo todo. E nada mais interessante que celebrar como os anfitriões.

AMÉRICAS

Malas nas ruas

Por conta da origem hispânica, muitas tradições se repetem pelas Américas do Sul e Central, mas vários países reúnem suas peculiaridades para celebrar a chegada do novo ano. Um ponto em comum entre as festas é a presença do fogo. Seja nos rojões que iluminam Valparaíso e atraem mais de 1 milhão de pessoas, seja para queimar bonecos vestidos com roupas velhas, para simbolizar o ano que passou, hábito dos colombianos à meia-noite em ponto. Ainda na Colômbia, é comum escrever uma lista de tudo o que se quer deixar para trás e queimar o papel na hora da virada. Na Guatemala, as roupas podem ser de qualquer cor, mas precisam ser novas. Já no México, veste-se amarelo para trabalho, vermelho para o amor e verde para finanças. Na noite da virada as famílias mexicanas preparam um pão doce comprido que é assado com uma moeda dentro. A crença diz que, ao ser fatiado, o prato em que a moeda cair será abençoado. Entre os sul-americanos existe até uma simpatia específica para viajantes. Na Venezuela e no Peru, logo depois da virada, pessoas vão às ruas dar voltas nos quarteirões arrastando malas vazias - o que, acredita-se, atrairia oportunidades de viagem no novo ano.

ÁFRICA

De Iemanjá à colheita
Berço das religiões que cultuam orixás e da tradição de fazer oferendas à rainha do mar Iemanjá, a África subsaariana recorre às divindades para pedir proteção e fazer previsões para o novo ano. Muitos povos jogam búzios para se preparar para efemérides futuras. Na Suazilândia, o festival da colheita - chamado Newala - é celebrado com a passagem de ano e presta homenagem ao rei do país, conhecido como Ngwenyama ou Leão, que, segundo a crença local, tem poderes místicos.
O povo acredita que, fortalecendo o seu rei, o país cresce fértil e próspero. Muçulmanos, concentrados no norte têm seu próprio calendário, que começou no ano 632, o ano da Hégira, quando Maomé e seus seguidores fugiram de Meca. Nestes lugares, a virada do ano, em 6 de junho, tem festas discretas.

ESTADOS UNIDOS

Feijão fradinho
A tradição de comer pratos preparados com feijão fradinho (por lá conhecido como black-eyed peas) começou no sul dos Estados Unidos, onde o grão é cultivado em grande escala. E se espalhou pelo país, graças à crença de que traz sorte, fortuna e prosperidade. Em muitas casas, a refeição inclui carne de porco, animal que simboliza a vontade de seguir adiante. Também para garantir fartura em casa e no bolso, é costume dos norte-americanos manter a carteira bem abastecida de notas de dólar na hora da virada. Despensa e geladeira de casa devem estar igualmente cheias. Da famosa queda da bola em Nova York às praças de cidadezinhas interioranas, é costume fazer festas ao ar livre - que acabam cedo por causa do frio.
Os supersticiosos de verdade investem em coloridos, brilhantes e, principalmente, barulhentos fogos de artifício. Isso porque, segundo a crença, maus espíritos detestam ruídos altos. Ficariam, assim, longe dos lares durante os 12 meses seguintes.

EUROPA

Uvas e previsões
Na Europa, a comida da sorte varia de um país para outro. Portugueses e espanhóis creem que as uvas garantem prosperidade e fartura - é preciso comer 12 unidades, uma a cada badalada do sino no exato momento em que se inicia o dia 1.º de janeiro. Na Itália, lentilhas são preparadas como um creme, e há quem cumpra o ritual de comer uma colherada a cada badalada do relógio. Os italianos cultivam ainda os hábitos de reservar uma peça nova de roupa íntima para a virada do ano, de preferência na cor vermelha, e de jogar fora objetos antigos sem uso. Há quem atire os itens pela janela. Alemães compartilham com norte-americanos a ideia de afastar maus espíritos com o auxílio de fogos barulhentos. Nas grandes cidades, os rojões começam a pipocar já na tarde do dia 31 de dezembro. Austríacos (e alguns alemães) têm um método para prever o ano que se inicia: derretem chumbo em uma colher e, em seguida, escorrem o líquido em uma bacia com água. O desenho formado conta um pouco do futuro: coração significa novo amor; barco que há viagem à vista, e assim por diante.

ÁSIA

Fogos para os maus espíritos
Lamparinas, tochas, balões e dragões colorem a festa de ano novo no leste asiático - entre janeiro e fevereiro, na primeira lua nova depois do início do inverno no Hemisfério Norte, de acordo com o calendário lunar. Fogos de artifício são muitos e ruidosos na China, para afastar maus espíritos. Antes da festa, os chineses limpam a casa com afinco. Japoneses também se dedicam à limpeza do lar e a quitar dívidas financeiras e afetivas. Antes da meia-noite, 108 badaladas simbolizam a eliminação de igual número de problemas. Em Bali, na véspera da virada, estátuas hinduístas são levadas aos rios e mares para purificação, com procissões e oferendas. O dia seguinte é de silêncio e reflexão.

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