Da série “Coisas que você não sabia sobre o amor e relacionamentos (parte III)”
 
Regras infalíveis para conquistar o homem dos sonhos e fazer a 
relação durar são um clássico da filosofia de boteco feminina. Boa parte
 delas a ciência desmente – e dá pistas sobre o que realmente funciona
Você precisa bancar a indiferente

Vários conselhos giram em torno deste tema: “não atenda todas as 
ligações para não parecer tão disponível, invente uma desculpa para não 
ir para cama com ele na primeira noite, não exagere nos cuidados e no 
afeto ou ele vai se espantar e fugir”. Bobagem, meros joguinhos. O que 
parece mesmo fazer o affair deslanchar é achar alguém com as mesmas 
intenções que você: relacionamentos duram quando as duas pessoas têm 
níveis de comprometimento parecido, segundo um levantamento de um time 
de pesquisadores da Universidade de Minnesota. Eles analisaram os perfis
 e vídeos de 78 casais discutindo para tentar resolver o problema que 
mais lhes incomodava. Os vídeos foram vistos e analisados conforme as 
manifestações de hostilidade – expressões de frieza e rejeição, por 
exemplo – e desesperança de cada um. Também foi avaliado como os 
parceiros tentavam acalmar um ao outro. Resultado: os casais com 
diferença de comprometimento foram os que demonstraram mais hostilidade e
 tendência ao rompimento. Quando os dois eram superempenhados ou 
superdesencanados, a tendência era ficar tudo bem. A reciprocidade é o 
que vale: se o outro dá sinais de estar na sua, é atencioso, te liga 
etc., não faz sentido querer bancar a indiferente pra fazer charminho. O
 tiro pode sair pela culatra.
Ele anda apático? Prepare um jantar romântico

Nada disso. Esquentar um relacionamento que anda meio morno – como 
dizem as revistas femininas – exige maior quebra de expectativa. Melhor 
levá-lo para andar de montanha-russa. Um estudo publicado por Arthur 
Aron, pesquisador da Universidade de Stony Brook, em Nova York, expôs 
casais desanimados a experiências novas e excitantes, como ver filmes de
 terror, e notou melhora na qualidade de vida da dupla. A conclusão é 
que nessas situações ocorre um aumento de neurotransmissores como 
dopamina, adrenalina e norepinefrina – também produzidas quando você se 
apaixona -, o que faz lembrar o começo do namoro. O problema do jantar 
romântico é que pode ser rotineiro demais, portanto, com menor 
capacidade de liberar as mesmas substâncias. 
Nunca deixe ele perceber que o jogo está ganho

Outra receita clássica é de que os joguinhos de sedução no início da 
relação devem se manter no longo prazo – seria importante não abrir a 
guarda totalmente, deixar o parceiro sempre com alguma dúvida sobre os 
seus sentimentos e sua entrega. Muita gente persegue essa máxima ao 
longo de toda a vida a dois. Pois bem. Cientistas da Universidade do 
País Basco que estudaram esse comportamento chamam essas pessoas de 
“inseguros esquivos”, do tipo que não se envolve demais porque, no 
fundo, acredita que é melhor “não ter” do que ter e perder. É aquele 
preocupado em estar sempre por cima. O outro tipo de inseguro são os 
ansiosos, que fazem o oposto: forçam a intimidade e cuidam 
compulsivamente do parceiro. São justamente aqueles que costumam dar aos
 amigos a impressão de estar por baixo na relação e ouvem esses 
conselhos de que “você se entrega demais, faz tudo pra ele, seja menos 
dedicada” ou o radical “homem gosta mesmo é de ser pisado”.
Essa classificação de inseguros esquivos, inseguros ansiosos e 
seguros foi usada por Javier Gomez Zapiain, líder do estudo basco, ao 
avaliar os modelos afetivos dos 211 casais voluntários da pesquisa, para
 investigar a relação entre o sexo, a afetividade e as demonstrações 
desse afeto. As pessoas eram avaliadas e separadas nesses 3 grupos e 
respondiam a questionários. Conclusão? Quem, na média, demonstrou mais 
satisfação sexual e mais felicidade na vida a dois foram os de perfil 
seguro. Eles são os que sabem trocar de papel conforme o momento da 
relação e de cada um. Segundo os pesquisadores, são pessoas que 
conseguem se colocar em posição de dependência e reconhecer quando 
precisam de suporte, além de se expressar quando estão passando por 
momentos de ansiedade, e ao mesmo tempo lidar com a carência do outro, 
entender quando o parceiro está se sentindo mal e precisa de atenção. 
Rebatendo o conselho: demonstrar que você está carente e precisa muito 
da pessoa não necessariamente vai causar desinteresse no outro. Abrir a 
guarda faz parte, além de dar o sinal verde para que o outro também 
possa se mostrar fragilizado quando for o caso.
Não vá para a cama no primeiro encontro

“Resista à tentação ou ele vai pular fora na manhã seguinte”, é o que
 martelam na cabeça das mulheres. Mas será que a estratégia surte algum 
efeito? Uma análise de 2010 da Universidade de Iowa considerou um estudo
 com 642 adultos heterossexuais de Chicago, que responderam sobre a 
qualidade do seu relacionamento e o tempo que demoraram para fazer sexo.
 Casais que liberaram geral na primeira noite não disseram estar menos 
felizes do que os que esperaram. “É possível que o amor verdadeiro surja
 quando as coisas começam com uma abordagem mais direta, quando as 
pessoas flertam, se envolvem sexualmente e depois constroem a relação”, 
diz Anthony Paik, o sociólogo responsável pela análise. Vai nessa linha a
 pesquisa feita pelo site Match.com com mais de 5 mil pessoas solteiras –
 e consultoria da antropóloga Helen Fisher, da Universidade de Rutgers, 
nos EUA. Ela mostrou que 35% da amostra já saiu para um encontro casual,
 fez sexo na primeira noite e manteve um relacionamento longo depois 
disso. Segundo Barry Gibb, biólogo da University College London e autor 
do livro The Rough Guide to Brain, é até melhor ir logo para cama e 
descobrir se vocês são compatíveis. Se forem, vai ser demais e haverá 
grande liberação de ocitocina e vasopressina, hormônios do 
desenvolvimento do apego e da confiança. Se não, vocês partem para outra
 e pronto. Desse ponto de vista, as duronas estariam apenas perdendo 
tempo.
Se ele está mesmo apaixonado, vai se lembrar das datas especiais

Parece ser realmente legal quando um cara presenteia a mulher com um 
buquê de flores para celebrar a data da primeira vez que eles dividiram 
juntos um chiclete. Afinal, gestos valem mais do que palavras, certo? 
Talvez não. Em um estudo publicado em 2010, as psicólogas Lara Kammrath e
 Johanna Peetz, das universidades de Wilfrid Laurier, no Canadá, e de 
Colônia, na Alemanha, afirmam que os sentimentos amorosos podem levar a 
alguns comportamentos românticos, mas não a outros. Atitudes mais 
espontâneas, como dizer “eu te amo” e oferecer uma massagem relaxante 
quando a companheira chega em casa cansada, estão mais associadas à 
paixão do que a ações que dependem de uma memória de longo prazo e de 
planejamento, tipo se lembrar de datas especiais, organizar uma serenata
 ou não esquecer de tirar o lixo (caso isso seja uma prova de amor para 
você, como foi para algumas das garotas do estudo). Seria o atestado de 
razão para aqueles que desconfiam que aquele amigo que costuma fazer 
surpresas cinematográficas para todas as namoradas, na real, faz isso 
mais porque gosta de um espetáculo do que movido por uma paixão 
avassaladora, maior que a dos outros.
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