Mais comum em mulheres, o distúrbio provoca dores no corpo e pode ser confundido com depressão
Relatos dos sintomas da fibromialgia podem ser facilmente confundidos com um quadro típico de depressão. A doença provoca dores múltiplas e, por ter um fundo psicológico associado, é capaz de gerar confusões no diagnóstico.
Dores pelo corpo, fadiga e distúrbio do sono são os sintomas mais
característicos da doença. Daniel Feldman Pollak, reumatologista do
Hospital Albert Einstein de São Paulo, explica que a tristeza, o
desânimo e a irritabilidade são comuns nos pacientes com fibromialgia.
Tais fatores, porém, são conseqüências da dor, não confirmam um quadro
exclusivo de depressão.
“Ninguém gosta de sentir dor. A doença acomete o corpo todo, a dor é
generalizada. Os sintomas de depressão são provocados pela dor. Também
devem ser tratados, mas o problema não é apenas psicológico.”
Segundo o especialista, o tratamento combina antidepressivo e
relaxante muscular. Ele explica que a dor provocada pela doença é
central, e não responde aos analgésicos tradicionais. “Para que o
paciente responda bem à medicação, é necessário eliminar os sintomas que
o deixam combalido. Sem o quadro depressivo, ele saberá que a dor está
sendo aliviada.”
A fibromialgia acomete de 1 a 5% da população em geral. Nos serviços
de Clínica Médica, esse índice é de 5 % e nos pacientes hospitalizados,
mais de 7%. Na clínica reumatológica, essa síndrome é detectada entre
14% dos atendimentos. No Brasil, segundo o Polack, alguns trabalhos
falam de uma prevalência em torno de 10% da população e relacionam ao
distúrbio a influência de fatores sócio-econômicos.
Em média, a idade de início da doença varia entre 29 e 37 anos, e o
diagnóstico se confirma, geralmente, entre 34 e 57 anos. A fibromialgia é
mais freqüente no sexo feminino, que corresponde a 80% dos casos.
Embora não tenha justificativas pontuais que expliquem essa
incidência nas mulheres, fatores externos e qualidade de vida podem
estar diretamente relacionados à doença. Para o reumatologista do
Hospital paulista Sírio Libanês, Cristiano Zerbini, a mulher moderna tem
um estilo de vida que a deixa mais vulnerável.
“Competitividade no trabalho, obrigações dentro de casa, filhos,
carreira, todos esses fatores podem estar ligados a doença. O organismo
feminino, por conta dos hormônios, pode reagir de diversas maneiras aos
impactos do cotidiano", explica.
Na avaliação de Pollak, porém, é preciso ter cuidado ao relacionar
a fibromialgia à realidade de vida da mulher do século 21. Ele comenta
que a grande maioria das pacientes atendidas com os sintomas não
tem nenhuma atividade profissional. "Não podemos dizer que é um quadro
da nova geração, até porque, o dignóstico da doença é muito antigo. Há
referência dela, sem esse nome, na bíblia. A relação pode ocorrer por
questões hormonais, não apenas qualidade de vida. Os motivos ainda não
são claros para a medicina."
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