quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Quem é mais ansioso: o homem ou a mulher?

 
Você se considera uma pessoa ansiosa em tudo? Vive em permanente estado de ansiedade? No Brasil, aproximadamente 12% da população é ansiosa, segundo dados do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o que representa um universo de 24 milhões de brasileiros com ansiedade patológica. Estima-se, ainda, que 23% da população brasileira terá algum tipo de distúrbio ansioso ao longo da vida. O psiquiatra e especialista em transtornos de humor, Giovani Missio, explica até que ponto é “normal” ser ansioso e quando é o momento certo para procurar ajuda médica.
 
 A ansiedade é um mecanismo de adaptação do organismo ao ambiente. Assim, sentir-se tenso ao andar sozinho por uma rua escura e mal falada é normal e serve como uma preparação para reações mais imediatas de fuga ou luta. 'A ansiedade é um dos problemas psicológicos ou psiquiátricos mais comuns e pode preceder vários outros problemas mais graves', explica Missio.

Permanecer neste estado todos os dias sem uma razão clara aparente pode ser um problema de saúde. Quando isto acontece, é possivel ser uma desregulação do mecanismo modulador do medo e da ansiedade, que passa a disparar sinais de alerta frenéticos ou continuamente sem necessariamente um estímulo ambiental causador desta reação. 'Estes disparos de estímulos cerebrais produzem manifestações mentais como a aceleração dos processos psíquicos, manifestações comportamentais como a expressão de reações agressivas ou defensivas e manifestações do corpo como aumento da pressão e da frequência cardíaca e até suor em excesso', explica o psiquiatra Giovani Missio, especialista em transtornos de humor.
 
'Estatisticamente, as mulheres apresentam muito mais diagnósticos de Transtornos Ansiosos que homens, possivelmente por questões biológicas, genéticas e hormonais', destaca o psiquiatra. Algumas dicas para a pessoa muito ansiosa se autorregular é a prática de atividade física e manter uma rotina saudável de sono.

 
Uma pessoa corre sério risco de apresentar um problema de ansiedade quando, além da sensação persistente na maior parte do tempo de tensão ou preocupação e da dificuldade em controlar esta preocupação, tenha também sintomas de alterações de funcionamento no corpo como, por exemplo, fatigabilidade, tensão muscular, dificuldades em conciliar o sono (iniciar ou manter o sono), palpitações e formigamentos no corpo, além de dificuldades de concentração, irritabilidade e sensação de nervos à flor da pele.
 
 
Dependendo de como estas manifestações aparecem, os problemas de ansiedade são classificados como Transtorno de Ansiedade Generalizada, quando há um estado constante e inadaptativo de tensão e preocupação. Há o no de PânicoTranstor, quando há um quadro repentino de sintomas físicos de ansiedade com algumas características particulares (pico em 10 minutos, máximo de 2 horas de duração com palpitação, sudorese e sensação de morte iminente). Há ainda fobias específicas desencadeadas pela ideia ou presença de algum objeto fóbico como animais, insetos, agulha, altura, entre outros. O caso do Transtorno de Estresse Pós-traumático é mais específico, iniciado após uma experiência intensa em algum momento da vida. 
 
A disposição de uma pessoa sofrer de ansiedade é definida por uma combinação de características e boa parte pode ser predisposição determinada geneticamente, provavelmente por uma combinação de diversos genes. “Sabemos disto por conta dos estudos com gêmeos criados separados e que ainda assim apresentam características ansiosas em comum. Outros fatores são os traços de personalidade ou temperamento. Pessoas com maior grau do que chamamos em neurociência de Neuroticismo (que tenham um predomínio de emoções negativas ou pessimista) têm uma predisposição maior”, explica o psiquiatra.
 
 Os fatore ambientais também contribuem em grande parte para o distúrbio. Esses fatores são a carga diária de estresse a que a pessoa é submetida, seja no trabalho e nas atividades cotidianas estressantes, como, por exemplo, o trânsito. Outro exemplo é a cobrança de resultados profissionais pessoais ou de colocação social, ou experiências traumáticas como assaltos, perdas. Aspectos biológicos como alterações hormonais ou uso de substâncias como drogas ilícitas, cafeína, anabolizantes e remédios para emagrecer também contribuem em grande parte. 'Nesta perspectiva, a genética e o temperamento funcionam analogamente a um fusível que determina quando de estresse aquele indivíduo aguenta. O estresse ambiental quando é maior desestabiliza o sistema e provoca o início de um quadro patológico ou doentio de ansiedade', observa o psiquiatra.
 
Sempre que o indivíduo apresentar os sinais principais de ansiedade, principalmente as alterações de funcionamento, dificuldade de concentração, sensação de nervos à flor da pele, irritabilidade e sintomas físicos como alterações do sono, palpitação, formigamentos e fadiga, deve procurar um médico. 'Sempre que houver estes sinais e, principalmente, se houver claro prejuízo no funcionamento social ou ocupacional, deve-se procurar um especialista que irá verificar a necessidade de tratamento médico, psicológico ou apenas de mudança de hábitos de vida e de rotina', destaca o psiquiatra.

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