sábado, 10 de agosto de 2013

6 Transtornos com nomes inspirados em personagem da literatura

Caso personagens da literatura fossem parar no divã, suas histórias certamente intrigariam qualquer psiquiatra. Para além de aventuras e desventuras vividas nas páginas, estas personas literárias estão cheias de entrelinhas, conflitos, nuances e contradições. Não por acaso, o mundo literário se confunde com o mundo real no momento do diagnóstico: conheça 6 transtornos com nomes inspirados em personagens da literatura:


1. Síndrome de Alice no País das Maravilhas
Não é preciso seguir o coelho branco para visitar o estranho País das Maravilhas – para algumas pessoas, essa ~viagem~ faz parte do dia a dia. Em 1955, o psiquiatra J. Todd descreveu esta condição neurológica que compromete os sentidos e a percepção, e tem efeitos que muito se assemelham às experiências da personagem do escritor Lewis Carroll. No livro, de 1865, Alice cresce e encolhe com ajuda de alguns cogumelos alimentos e bebidas que encontra pelo seu caminho. É assim que os afetados pela síndrome se sentem: o doente fica confuso em relação ao tamanho e forma do próprio corpo, sentindo que está aumentando ou diminuindo de tamanho, por exemplo. A confusão também se dá quanto aos formatos e dimensões dos objetos ao seu redor. A condição teria ligação com enxaquecas e com epilepsia, mas estudos que determinam suas causas ainda estão sendo conduzidos.

2. Síndrome de Peter Pan


Em 1911, J.M. Barrie nos levou em um passeio pela Terra do Nunca, lar encantado de Capitão Gancho, de Sininho, dos Garotos Perdidos e, claro, de Peter Pan, o menino que não queria crescer. Não por acaso, é deste garoto levado que a psicologia pegou emprestado o nome para a condição descrita e popularizada pelo escritor Dr. Dan Kiley. Síndrome de Peter Pan descreve adultos que nunca conseguiram dar adeus à infância. “Ele é um homem devido a sua idade e um garoto por seus atos”, descreve Kiley em livro publicado em 1983. Considerada uma psicopatologia, a condição ainda não foi incluída na lista de distúrbios da Organização Mundial da Saúde.
3. Síndrome de Rapunzel
Você com certeza se lembra dela: Rapunzel é a heroína do conto escrito pelos Irmãos Grimm e publicado em 1812. Inconfundível, a jovem princesa, aprisionada em uma torre sem portas ou escadas, possui loooongos e belos cabelos dourados. Como você pode imaginar, as madeixas também são uma parte importante da rara síndrome de mesmo nome, descrita em 1968. ASíndrome de Rapunzel está ligada à tricotilomania, transtorno que torna irresistível a vontade de arrancar os próprios cabelos e muitas vezes está associado também à tricofagia: a compulsão pela ingestão destes fios. O problema se agrava porque o corpo humano não é capaz de digerir o cabelo, que pode acabar se acumulando entre o estômago e o intestino delgado. Aí, já viu: caso essa grande massa (chamada tricobezoar, em “cientifiquês”) vá crescendo até chegar até o intestino delgado, acaba o obstruindo, tornando necessária sua remoção cirúrgica.
4. Síndrome de Dorian Gray
Obcecado com sua aparência, Dorian Gray, o perturbado e narcisista personagem criado por Oscar Wilde, faz escolhas impensáveis para manter sua juventude eterna. O Retrato de Dorian Gray, publicado em 1890, inspirou a descrição da condição que aflige àqueles que também não lidamnada bem com a ideia do envelhecimento. Ainda não incluída no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (a bíblia dos psiquiatras), a síndrome descrita no International Journal of Clinical Pharmacology and Therapeutics, em 2001, aponta uma das mais comuns “fontes da juventude eterna” procuradas pelos afligidos pela condição: cirurgias plásticas e drogas milagrosas que prometem esconder a passagem dos anos.
5. Síndrome de Huckleberry Finn
Huck não teve uma infância feliz. O garoto, personagem de As Aventuras de Huckleberry Finn, livro escrito por Mark Twain em 1884, nunca conheceu sua mãe e era constantemente abandonado por seu pai. Ao invés de ir para escola, Huck cabulava aulas e fugia de qualquer obrigação. E, segundo estudos, este tipo de comportamento na infância pode ter impactos ao longo da vida. Vem daí o nome da Síndrome de Huckleberry Finn, que faz uma ligação entre a infância problemática e atitudes erráticas na vida adulta – como a instabilidade profissional, por exemplo. Segundo o Steadman’s Medical Eponyms, a condição seria despertada por sentimentos de rejeição.
6. Síndrome de Otelo
É verdade o que você ouviu por aí: o ciúme pode mesmo ser uma doença. O sentimento angustiante tem uma explicação clínica – é causado pelo medo da perda de um objeto amado. Até aí, tudo bem. Mas, quando o ciúme passa a gerar perturbações e sofrimentos sérios, deixa de ser considerado normal. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quem sofre do Transtorno Delirante Paranóico do tipo ciumento tem convicção, sem motivo justo ou evidente, de que está sendo traído pelo cônjuge ou parceiro. O ciúme patológico e delirante se enquadra na Síndrome de Otelo, cujo nome remete à obra escrita por William Shakespeare em 1603. Em Otelo, o Mouro de Veneza, o personagem-título é devorado pelas suspeitas infundadas de que sua esposa, Desdêmona, estaria o traindo. Se você não sabe como termina a história, uma dica: ninguém vive feliz para sempre neste conto.
Fonte- Super Interessante

"O Que Os Rabiscos Revelam?"

Junto do seu telefone deve ter um bloquinho cheio de rabiscos. Preste atenção neles. Você vai ficar surpreso(a) com alguma revelações que anda largando por aí.

Espirais:
Quem fica desenhando espirais não gosta de ficar sozinho. Desenhos assim são feitos, geralmente, por pessoas que gostam de se destacar no grupo e batalham para ter alguma função em qualquer lugar, em qualquer turma.

Flores:
Se você, vira e mexe, desenhar flores, é uma pessoa sensível. Seu jeito meio maternal deve fazer muito sucesso entre sobrinhos e primos menores.

Setas:
Desenhar setas significa alguma idéia fixa. Se elas apontarem para baixo ou para esquerda, elas falam de alguma coisa que já passou. Se elas apontarem para a direita, indicam futuro. Se as setas apontarem para cima, você deve estar entediado(a) e é bom se programar direitinho para o próximo fim de semana.

Olhos:
Você é curioso(a) ou está procurando alguma solução para um problema se desenhar olhos. O sentido do olhar também é importante: para a esquerda, indica algo no passado; para a direita, mira o futuro. Se você tiver desenhado olhos fechados, é provável que não esteja querendo enfrentar uma situação ou não queira admitir algo cruel sobre si mesmo.

Círculos:
O hábito de desenhar círculos indica que você é uma pessoa que se completa, mas gosta de passar bastante tempo com as pessoas. No entanto, se são vários círculos que se sobrepõem, você gosta de ficar na sua. Pode ser, também, que esteja tentando guardar um segredo. Se você costuma completar o círculo cuidadosamente, deve já ter-se dado mal ao se abrir com os outros e, agora, tenta se fechar mais.

Pessoas:
Se você gostar de desenhar caras e bocas, tudo indica que se sinta bem ajustado(a) ao seu mundo. As expressões dessas figuras que surgem do nada também revelam como você está se sentindo. Ou seja: quem está contente desenha pessoas felizes. Se em vez disso, o que surgem no papel são figuras esquisitas, fantasmas, algo deve estar pegando na sua vida. 

Nomes:
Se você não parar de escrever seu próprio nome, pode ser um jeito inconsciente de demonstrar que está triste ou se sentindo rejeitado(a) pelos outros. Mas pode também significar que você anda muito preocupado(a) consigo mesmo e que, nesse momento, nada mais importa. 

Cubos:
Desenhar cubos revela uma pessoa que nada tem de preguiçoso(a). Pelo contrário: você é criativo(a), motivado(a) e gosta de pôr a mão na massa, de participar. Desenhar um cubo dentro do outro demonstra frustração com alguma coisa ou alguém.

Estrelas:
Rabiscar estrelas é um sinal de ambição, de que você tem objetivos bem definidos na sua cabeça. Se as estrelas forem simétricas, você sabe analisar as situações, é curioso(a) e seguro(a) de si. Já as estrelas disformes, assimétricas, indicam que você tem muita energia, mas não sabe bem como usá-la.

Casas:
Desenhar casas significa estar se sentindo bem no lugar onde se vive. Uma casa aponta para uma sensação de conforto, paz com a família, mesmo que algumas brigas com os irmãos pareçam dizer o contrário. Mas se a casa não tiver janelas nem portas, isso pode indicar uma sensação de pouco espaço.


Linhas:
Linhas retas são feitas por quem é entusiasmado(a), objetivo(a) e vai direto ao ponto. Linhas em ziguezague ou que se cruzam várias vezes indicam que alguma coisa mexeu muito com você, mas sua opção é não pôr o dedo na ferida. Ao menos por enquanto.

Ondas:
Você está pronto para mergulhar em alguma coisa nova, que pode mudar a sua vida. Ondas lembram movimento, expectativa de uma oportunidade especial ou desejo de cair fora, rapidinho.

Os homens têm medo de mulheres independentes?

De acordo com a terapeuta, alguns homens ainda não estão preparados para elas
Depois de séculos e séculos no comando, os homens ainda estão aprendendo a conviver commulheres fortes e independentes de modo harmonioso: hoje, elas e eles dividem o poder, seja de uma casa ou de uma nação. Ainda que essa mudança esteja ocorrendo de maneira gradual, a ala masculina parece ressabiada com o novo modelo de conduta feminina, como conta a terapeuta comportamental Ramy Arany.  “Mulheres deste padrão são oponentes ao velho arquétipo de 'Amélia', aquela que é submissa, mansa, de visão acanhada, de ideais nada visionários, enfim, limitada à velha cultura preconceituosa que determina que lugar de mulher é em casa cuidando do marido e dos filhos”, explica.

A questão é como os homens lidam com essa nova mulher, que não depende economicamente de nenhum homem, não se deixa ser controlada, ou pelo menos ser controlada facilmente? Muitos ficam extremamente inseguros, pois uma mulher que tem domínio da sua vida exala autoconfiança. “O ciúme é também bastante causador de problemas, pois sendo a mulher independente, de difícil controle, causa nos homens a insegurança, por exemplo, de não saberem onde ela se encontra, o que está fazendo. Isso termina na desconfiança, principalmente quando se trata de uma relação amorosa”, diz a terapeuta. Ramy ainda complementa: “muitos homens não conseguem lidar com mulheres deste tipo por uma questão de imaturidade emocional. É como se ela representasse muitos desafios para vencerem em relação ao orgulho e ao papel de 'macho' dominante”.

Medo delas? 

Há inclusive aqueles que se sentem desrespeitados na presença dessa mulher mais “forte”, principalmente quando estão na presença de outros homens. Essa imaturidade, para felicidade feminina, faz com que esses homens evitem relacionamentos sérios, já que não se sentem em condições de lidar com elas por puro medo e insegurança. “Ainda bem que não são todos os homens que pensam desta forma e se sentem desconfortáveis na presença de uma mulher deste porte”, diz Ramy, aliviada.

“Penso que um homem para aceitar a força e a independência de uma mulher necessita ser verdadeiramente homem e não somente 'macho'. É preciso que haja por parte dele admiração e reconhecimento à capacidade da mulher e respeito pela sua liberdade, pois afinal ninguém é de ninguém. Penso ainda que os homens necessitam, também, se reconhecerem e se sustentarem na verdadeira força masculina, pois somente assim não se sentirão ameaçados pela força feminina”, finaliza a terapeuta. 
Marcell Filgueiras

Entenda o gato: descubra o que a maneira de segurar o copo diz sobre ele

Pesquisa analisou traços de personalidade a partir de características em comum

Você está em uma festa ou barzinho, troca olhares com um homem interessante, mas não tem coragem de se aproximar. Será que ele te atraiu apenas fisicamente ou tem outros atributos que podem agradar? Um estudo conduzido pelo psicólogo Dr. Glenn Wilson pode ajudar a ter alguma ideia da personalidade do potencial namorado apenas pela maneira como ele segura o copo. 
Para fazer a análise, o especialista estudou 500 pessoas e as dividiu de acordo com oito tipos de personalidade. Veja as mais interessantes:
O tímido
Segura o copo com as duas mãos, “protegendo-o”, e sempre há um gole final para situações de emergência. Muitas vezes há um canudo entre um gole e outro. Com eles, a aproximação requer suavidade e até alguns elogios, que serão para ele doses de autoconfiança.

O amante-divertido
Prefere bebidas engarrafadas e as seguram sempre perto de si. Está sempre bem-humorado e toma goles curtos, para não perder a oportunidade de interagir na conversa e fazer novas amizades.

O pavão
Com gestos expansivos, ele bebe empurrando o copo para longe de si e se inclinando na cadeira, mostrando confiança, marcando território, com um quê de arrogância. Pode beber uma garrafa de cerveja, ou refrigerante e se estiver em grupo, pode não aceitar aproximações de pessoas de fora.

O briguento
Segura copos grandes ou garrafas sempre de um jeito firme e gesticula de maneira muitas vezes ameaçadora. Tem uma atitude um pouco hostil, do tipo que faz piadas com os outros e se comporta como se tivesse o rei na barriga.

O playboy
Brinda sugestivamente com seu corpo, normalmente longo, ou garrafa, sempre com aquela alusão fálica. É ativo, autoconfiante, sedutor e é muito hábil com as mulheres.
Redação DaquiDali

As muitas faces do amor

É cada vez mais comum ver pessoas em relações múltiplas, abertas, poliamorosas. É uma forma diferente de viver a paixão.

POR
Kátia Abreu

João amava teresa que amava Raimundo que a amava de volta, mas também amava Maria que amava ainda Joaquim e Lili. Se a literatura refletir os costumes, as antologias do século 21 estarão cheias de histórias assim.

As pessoas têm cada vez mais liberdade para amar como acham melhor, sem seguir formatos predeterminados. Se você se apaixonar por dois homens ou duas mulheres, poderá namorar ambos, como algumas pessoas fazem hoje. Se quiser viver um relacionamento aberto, poderá também. E, claro, se quiser passar 40 anos com a mesma pessoa, você terá esse direito.

"Penso que daqui a um tempo menos pessoas vão querer se fechar numa relação a dois e vai haver mais relações múltiplas", diz a psicanalista Regina Navarro Lins. Em sua mais recente obra, O Livro do Amor (Ed. Best Seller), Regina apresenta um panorama da história do sentimento da Pré-História até a atualidade. A forma como as pessoas se relacionavam mudou ao longo do tempo e, segundo a autora, continua mudando. "Hoje existe uma busca por realizações pessoais; a grande viagem é para dentro de si mesmo. O amor romântico deixa de ser atraente porque ele propõe o oposto disso: a fusão dos amantes."

Mas como é que chegamos a essa ideia de amor romântico? Na Pré-História, por volta do ano 3000 antes de Cristo, as pessoas viviam em grandes grupos. Ninguém era de ninguém - ou melhor, todos cuidavam de todos. Quando aí entra a figura do casal e dos filhos, a exclusividade estava ligada a questões de herança, não a sentimentos. A ideia era transmitir os bens aos herdeiros de sangue; por isso, passou-se a regular a fidelidade, especialmente a das mulheres.

Isso perdurou por muitos séculos, até que poetas e nobres medievais passaram a tratar o sentimento como fonte de esperança e felicidade. "O amor romântico existe desde o século 12, mas só entrou como possibilidade no casamento a partir do século 18 - antes, casava-se por outros interesses. Casar por amor só virou um fenômeno de massa a partir dos anos 1940, incentivado por Hollywood", conta Regina.

Alguns anos depois, a desilusão e insatisfação geradas pelo pós-guerra levaram os mais jovens a questionar os valores da sociedade e a felicidade pintada nas telas de cinema. A contracultura, que emergiu no fim dos anos 1950 e ganhou força nas décadas seguintes graças aos movimentos hippie, feminista e gay, é pedra fundamental das transformações que vivemos hoje. "Desde então, estamos em um processo de profunda mudança das mentalidades", diz Regina. "Não tem mais aquela ética do sacrifício, de ter que ceder, pagar qualquer preço para ter alguém do lado."

Ilusões perdidas

"Eu tinha o ideal de achar minha alma gêmea; me apaixonei, tentei fazer dar certo, mas não funcionou. Boa parte da minha razão de viver era a outra pessoa, e ela se sentiu muito pressionada", conta Marcelo, que tomou contato com as ideias defendidas pelo grupo Redes Relações Livres (RLi) enquanto ainda era monogâmico. Ele estava no meio de uma crise, longe da namorada, triste por não poder vê-la. Foi então que uma amiga sugeriu que ele estava encarando a relação com um peso desnecessário. "Ela fazia parte de um grupo de pessoas que viam outra forma de se relacionar. Achei muito interessante e inteligente o que eles propunham. Só que eu ainda estava namorando, então deixei as ideias de canto", diz ele. O namoro acabou e, há quase três anos, Marcelo passou a frequentar as reuniões do grupo em Porto Alegre. Meses depois, começou a se relacionar com a amiga que o apresentou ao novo estilo de vida. "Tive relações com outras pessoas. Atualmente, estou com ela e mais uma companheira - e funciona", diz Marcelo, que acredita que amar duas (ou mais) pessoas ao mesmo tempo é natural. "Isso acontece com diversas pessoas. Mas a maioria se sente culpada, por achar que é errado."

A paulista Janaína (o nome foi trocado a pedido da entrevistada) passou por isso. Em março de 2011, começou a namorar um rapaz. Os dois saíam sempre acompanhados do melhor amigo dele. Um dia, rolou um lance entre os três. "Foi inesperado. Fiquei em crise, achando que devia escolher um deles", diz ela. Mesmo confusa, aceitou seus sentimentos e foi morar com os dois. "Nós somos uma família. Os três se cuidam, se desejam e querem construir algo juntos."

Logo depois de se mudarem para a mesma casa, Janaína fez uma viagem sozinha, em que aproveitou para refletir sobre a questão. "Percebi que tem uma flutuação, tem épocas que estou mais perto de um, em outras, do outro, e tudo bem", diz. "Tem mães que têm dois filhos e recebem o mesmo tipo de pergunta que fazem a mim: `Como você divide seu tempo? Não tem ciúme entre eles?¿ Na hora em que eu saquei que era o mesmo tipo de questão, ficou tudo bem."

Mesmo quem sempre intuiu que a monogamia não era seu caminho sofre para se adaptar. No início de suas relações, Charô, que mora em São Paulo, se sentia mal por amar mais de uma pessoa. "Ainda considerava uma espécie de traição." Ela mantém um companheiro há 15 anos, com quem tem uma filha de 1 ano, e explica que a relação deles foi passando por diversas fases ao longo do tempo. "Tinha muita vontade de ter outros relacionamentos, mas não aceitava que ele tivesse. Por um tempo, a gente viveu nesse híbrido. Depois passamos pela fase swing, depois poliamor e agora estamos caminhando para relações livres. Nosso relacionamento está em constante readequação".

Os elos da corrente

As novas relações em curso podem ser de diversos formatos. Há casais que fazem pequenas aberturas em seus relacionamentos: seja indo a casas de swing, seja permitindo que em determinados momentos, como no Carnaval, o parceiro possa se relacionar com outras pessoas. No poliamor, o relacionamento é centrado numa ideia de família, só que expandida. E, em geral, as relações são múltiplas, mas fechadas, como a de Janaína, pressupondo a polifidelidade. Já nas relações livres, o foco é o indivíduo e ele tem liberdade para agir como quiser. Charô vê os relacionamentos não monogâmicos como uma régua, onde não há etapas a serem superadas, mas sim gradações de desconstrução: "No swing, você desconstrói a questão do sexo com a mesma pessoa. No poliamor, desconstrói o sexo e o amor. Na relação livre, o amor, o sexo e todas as outras questões da conjugalidade". É uma espécie de liberdade gradativa, em que a cada elo da corrente que se quebra, mais livre a pessoa é.

Mas isso não quer dizer que vale tudo. Stèphannie ressalta: "Não tem obrigação de ter profundidade nas relações. Mas tem que ter muita responsabilidade." Marcelo também se incomoda quando associam seu estilo de vida ao desprendimento, à ideia de que ele se apega ou ama menos. "Não sou um cara de ir às festas e pegar um monte de garotas. Em geral, as pessoas com quem faço sexo são pessoas com quem acabo desenvolvendo uma relação afetiva." Ele conta ainda que, mesmo vivendo o amor de outro modo, ainda considera complicado o fim de uma relação: "Amo minhas companheiras e, se acabar, vou ficar mal. Mas é mais fácil de compreender, pois você já parte da ideia de que a relação não necessariamente vai durar para sempre".

O ciúme

O ciúme é outro ponto crucial para quem adota novos modelos de relacionamento. Assim como o amor, é uma construção social, estimulada em nossa cultura. É considerado prova de afeto. "Mas quando a pessoa sai, volta, sai de novo, você começa a perceber que a pessoa volta mais feliz e isso melhora sua relação com ela. O ciúme vai perdendo o sentido, porque não tem mais o medo de perder", comenta Stèphannie a respeito da dúvida que a RLi mais recebe por e-mail.

Porém, por mais que a desconstrução do ciúme faça sentido na teoria, nem todo mundo consegue aplicá-la na prática. Charô conta do rolo de sete anos que teve com um rapaz que não agia de acordo com seu discurso. "Quando se envolveu comigo, já começou a me chamar de `minha¿. Um dia, estava dançando numa balada e ele veio: `Pô, você tá dançando com outro cara?¿."

Ambiente e autonomia

"Entender racionalmente é uma barbada. O problema é ter o equilíbrio emocional para enfrentar e ter ambiente para agir", diz Stèphannie, que cresceu em uma cidade do interior, onde era difícil expressar seu modo de vida. "Não tenho problema com o que as pessoas vão pensar, mas é um problema quando eu dependo delas. Não posso ter a relação que quiser enquanto depender financeiramente do meu pai." Janaína se defrontou com uma questão parecida. Alguns amigos do trabalho sabem que ela tem dois namorados, mas após ouvir um papo do pessoal do RH de que "fulano é confiável porque tem uma namorada há cinco anos", achou melhor não espalhar mais a notícia.
E, se a visão de amor está menos ligada à posse, uma antiga dica continua válida. "É fundamental desenvolver a capacidade de ficar bem sozinho e perceber suas singularidades. A gente tem que abandonar os modelos e cada um deve ficar livre para escolher sua forma de viver", diz Regina. Cada um livre para amar como quiser.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Para ser enganado, preencha este cupom com seus dados!


Que cupom?!? Como assim?!? Por que eu quereria ser enganado?!?
Tomara que você tenha se feito perguntas parecidas com essas ao ler o título deste artigo. Afinal, será mesmo que alguém, em sã consciência, gostaria de ser enganado? Parto do princípio de que não!
A grande maioria de nós inicia relações, sejam de parceria profissional, amizade, namoro ou sob qualquer outro nome, desejando que a base delas seja – entre outros predicados – a sinceridade! Aliás, um dos adjetivos que mais valorizamos numa pessoa é justamente a sua capacidade de dizer a verdade!
No entanto, haveremos de descobrir, ao longo de inúmeras experiências que vivermos, que a mente mente! Ou seja, nosso complexo e ainda misterioso cérebro (um emaranhado de consciência e inconsciência) cria mecanismos de defesa ou estratégias de ataque que podem ser, antes de mais nada, perigosas e eficientes armadilhas. Uma delas – e mais comum do que imaginamos – é uma espécie de pedido para sermos enganados.
Pedimos?!? Sim, pedimos, mesmo sem termos a menor noção de que estamos fazendo isso. Na ânsia de amenizar certos sentimentos (solidão, baixa auto-estima, carência...) ou experimentar certas sensações (aceitação, acolhimento, segurança...), criamos uma realidade que, na verdade, não existe!
Projetamos em alguém ou numa situação aquilo que gostaríamos de viver e sentir, e julgamos – ingênua e equivocadamente – que nosso desejo se tornou real e a vida nos presenteou com a chance de, finalmente, sermos felizes.
É a armadilha da idealização: passamos a viver uma história “ideal”, criada e alimentada por aqueles sentimentos e sensações que citei antes, do jeitinho que sempre desejamos que ela fosse; e embebedados por nós mesmos, nos recusamos a enxergar a história como ela realmente é. Nossa mente passa a perceber, sentir e concluir não a partir do que está acontecendo de verdade, mas a partir de uma projeção deste ideal, ou seja, de uma ilusão...
Dependendo do quanto os envolvidos nessa nossa ilusão também a alimenta, e também dependendo do tempo que demoramos a “cair na real”, os estragos podem ser grandes. Aqui cabe muito bem o ditado “quanto mais alto, maior o tombo”.
Como não preencher o cupom? Como não idealizar? Como não se enganar ou não permitir que alguém o engane? Bem... tudo começa na coragem. Todos nós podemos ser corajosos, mesmo quando estamos com medo. Coragem não é a ausência do medo e sim o reconhecimento de nossa capacidade de superação.
Claro que não é fácil lidar com solidão, carência, baixa auto-estima, insegurança, entre outros sentimentos que nos colocam frente a frente com nossas limitações, mas com dedicação e persistência, podemos aprender... e temos a vida toda para isso, embora seja prudente começarmos o quanto antes!
No mais, se você está com a sensação de ter se enganado ou de ter sido enganado mais vezes do que gostaria, perceba os sinais. Se a sua voz interior (ou intuição) lhe disser, em alguns momentos, para você ir com calma, vá com calma! Se as pessoas que amam você lhe alertarem para as improbabilidades desta situação, mantenha-se alerta! Se a situação vivida lhe parecer “a cura que caiu do céu”, que vai lhe salvar de todas as suas angústias, questione-se: será que você não está fugindo de si mesmo? Será que não está evitando ter de enfrentar suas dores, preferindo um atalho que parece lhe conduzir a uma “felicidade” bem mais rápida?
E fique com o coração bem aberto – a resposta virá! Talvez você descubra que o que poderia ter se configurado como uma grande enganação é, na verdade, a oportunidade de aprender algo muito precioso. Mas se, infelizmente, descobrir que é tarde demais e que você realmente se deixou enganar, corra atrás do prejuízo, rasgue o cupom preenchido e encha-se de coragem para abandonar o lugar de vítima e tornar-se dono de sua própria história...

Rosana Braga